CAPITALISMO PARA PRINCIPIANTES: Resenha e Declaração de Apoio!
- Felipe Aragão
- 19 de nov. de 2015
- 5 min de leitura
CAPITALISMO PARA PRINCIPIANTES: A HISTÓRIA DOS PRIVILÉGIOS ECONÔMICOS
NOVAES, CARLOS EDUARDO E RODRIGUES, VILMAR. Capitalismo Para Principiantes: a história dos privilégios econômicos. 27ª Edição. Editora Ática. São Paulo.
“Capitalismo Para Principiantes” é uma obra literária importantíssima na busca pela compreenssão histórica do sistema político-econômico no qual vive a sociedade contemporânea. Autor e Cartunista conseguem através de admirável sincronia apresentar toda uma seção cronológica da vida do capitalismo.
Os 18 capítulos do livro nos mostram, com muito humor e traços pontuais de sarcasmo, desde a sociedade braçal, do homem das cavernas, perpassando pelo feudalismo, o surgimento do mercador, do comerciante burguês, das multinacionais e a eterna interdependência brasileira, até chegar na apresentação da ideologia massacrante burguesa, findando com o ponto de vista conclusivo do autor acerca da iniquidade do sistema do capital que não se permite viver em comunhão com a democracia.
Iniciando a seção cronologia apresentada por Novaes e Rodrigues, temos uma analogia da dura vida do homem das cavernas com o que vivem os nordestinos ainda hoje, ambos vivendo a mercê da sorte sem possuírem excedentes da produção. Entretanto, os excedentes surgem para a sociedade de uma maneira ou de outra e é este o fator responsável pelo início do mercado, a chamada “troca-troca” de excedentes entre povos. Com o troca-troca, surge o conceito de propriedade e com ele a escravatura, os homens sendo roubados da propriedade de si mesmos. A igreja, com seus dogmas, contribui para sobreposição de um povo sobre outro, que viriam a ser os reis, senhores feudais e seus servos, respectivamente. Em momentos póstumos, fruto do mercado do troca-troca, surge o mercador que juntamente com a expansão absurda do comércio traz o dinheiro. O acumulo deste indivíduo, chamado capital, reproduz o conceito de capitalismo.
A busca pelo acumulo de capital em comunhão com a pseudo tentativa de doutrinação religiosa iniciam o processo de colonização, grandes metrópoles como Portugal, Espanha e Itália, lucram estrondosamente com o processo, empobrecendo suas colônias através da toma de territórios violenta e sanguinária. Esse foi o chamado capitalismo mercantilista. Com a entrada do mercador no cenário econômico e a busca por prata e outro, começa a surgir uma Europa rica e miserável ao mesmo tempo, com aumento na criminalidade e início das relações de empregado e empregador e salário.
Mais adiante, o livro trata da revolução industrial e início da produção em massa, a classe que antes era subposta aos reis e senhores feudais, agora, é chamada classe operária, daí surge o conceito de mais valia, pós dito por Karl Marx, do qual trataremos adiante. Voltando à burguesia, esta que usou dos seus interesses e poderes para financiar a revolução protestante, e, desde então, transformar ainda mais a natureza e dar origem às novas tecnologias. Com isso temos o cenário Máquina x Homem, nessa época, que, aliás, perdura até hoje, a burguesia luta pela alienação intelectual e criminalização das lutas sociais, porém agora pautados pelos economistas clássicos. Esse foi o capitalismo Industrial. E após ele, com o aumento da concorrência, surgem os bancos e o capitalismo financeiro e por consequência o monopólio das grandes empresas. E então fica ainda mais evidente o que disse Marx, o herói, com sua reflexão, mostrando que a existência define a essência, e não o contrário, como defendiam os burgueses e doutrinadores.
Foi importante citar o que disse Marx e entender que o autor tem um ponto de vista intrínseco ao que defende o marxismo, é pautado nisso que ele descreve algumas crises do capitalismo, entre elas as de superprodução, e defende que o sistema tira do ser humano a noção real do que é necessário em detrimento do que é fútil. A questão é, no capitalismo empresas falem enquanto outras crescem, por que as relações de força estão em constante movimento. Assim, da instabilidade, ou podemos dizer, do ventre do Capitalismo nasce o Socialismo. E é aí que entra a parte principal da crítica feita pelo autor, por que ele traz a perspectiva socialista como fator preponderante para vencer a desumanização do sistema do lucro, onde a defesa dos preços está acima do trabalhador, ou seja, do proletário.
Desse momento em diante o livro descreve uma perspectiva mais contemporânea e mais próxima de nós do século XXI, trazendo à tona todo o universo midiático criado pela televisão e publicidade, além das guerras financiadas pelo sistema do capital para superar as crises e fazer sobre erguer-se, como enorme potência mundial, os Estado Unidos Da América que, apesar do período da Guerra Fria, onde a URSS esboçou uma revolução socialista generalizada, fez e faz uso do seu poderia financeiro para esconder por traz do véu da mídia o interesse real do capitalismo cruel: O Lucro, ou seja, si próprio.
E onde entra o Brasil nisso tudo? O autor traz uma definição bem interessante para o nosso país, em outras palavras, o Brasil é “o eterno dependente”, nesse caso, do capital externo. Primeiro de Portugal, em seguida da Inglaterra, logo após dos EUA e hoje das Multinacionais, que produzem aqui a baixo custo, enviam seus lucros às suas sedes, consequentemente deterioram o país, seu povo e sua economia, que é obrigada a abrir novamente as pernas ao capital externo, virando assim um ciclo vicioso.
Por fim o autor consolida a ideologia burguesa, dentro da sociedade da alienação e consumo, onde os militares acreditam no iníquo conceito de democracia, a classe média individualista é treinada para consumir o que as publicidades mostram, o proletário cada vez mais pobre e sem oportunidade de evoluir o intelecto, e o burguês... Bem, o burguês cada vez mais rico à custa do proletário. Numa sociedade onde a democracia é um conceito equívoco e abstrato, e a distância entre as chamadas classes sociais logo mais alcançará os arranha-céus.
Como dito no início, autor e cartunista em total sincronia, retratam com primazia a cronologia do sistema que domina o mundo, enquanto o primeiro reflete, analisa e apresenta o capitalismo com seus textos acessíveis e pontuais, o segundo humoriza, satiriza e cativa o leitor com seus quadrinhos. Perfeito para qualquer pessoa que deseja sair da alienação e conhecer um pouco da história da humanidade, aprendendo sobre política, história e economia de maneira didática, ilustrativa, completa e bastante prazerosa.
Carlos Eduardo Novaes, autor fluminense, nascido na década de 40 do século passado, estudou direito na Universidade Federal da Bahia e para sobreviver se aventurou em diversas atividades econômicas, todavia, sustentou-se na atividade de escritor, trabalhando como cronista em alguns jornais, tais como Jornal a Última Hora e Jornal do Brasil. Destacando-se principalmente pela obra aqui descrita, bem como nas obras “A cadeira do dentista” e “O Imperador da Ursa Maior”. Sempre com observações e reflexões pontuais dos temas abordados.
DECLARAÇÃO DE APOIO Á OBRA:
E agora os senhores se perguntam, mas e você Felipe, o que pensas tu acerca do que defendeu este Carlos Eduardo Novaes? Bem, meus caros leitores, Novaes e Vilmar conseguem fazer um rebuscamento interessantíssimo tanto do ponto de vista crítico quanto do ponto de vista didático! Concordo eu, com suas proposições relativas à crueldade do sistema do capital.
Faço menção aos escritores na hora de reafirmar a desumanização provada pelo sistema, a partir do momento em que o lucro é mais importante que o homem, o ser é mais importante que o ter. O capitalismo estímulo isso... “vamos sociedade, ao consumo!”. Os burgueses espertos por muito se escondem por trás das falsas doutrinas religiosas e das ruínas das grandes guerras quando são eles os que mais lucram com isso. Por que não fomentar guerra para vender arma para os guerrilheiros? Por que não desmistificar o poder divino dos monarcas? Se tudo isso daria a chance do crescimento social de uma nova classe? Pois é meus caríssimos, fica então nosso reflexão e indicação! Leiam a obra, ponderem-na critiquem-na, mas jamais,ouviram, jamais deixem que os comerciais e programas de TV, com roteiro previamente manipulado pelas ideologias dos patrões, dominem suas mentes e alienem vocês!
Vamos à luta companheiros! Uma semana proveitosa e até nosso próximo post!

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